O BRASIL EFETUA NÚMEROS BAIXÍSSIMOS DE TESTE DO COVID-19 POR CASO POSITIVO E MESMO ASSIM LIDERA O RANKING MUNDIAL: O estado Brasileiro, enfrentamento covid-19 e a repercussão no estado da Bahia

Inicialmente o Observatório Interdepartamental das Ações governamentais de combate à coronavírus (OIA) cumpre a função de fazer uma análise dos dados nacionais relativos ao quadro atual de disseminação do COVID-19. A problematização das informações coletadas em órgãos oficiais, nos consórcios de veículos da imprensa, universidades e analistas independentes dão-nos um panorama dos impactos no país das políticas de enfrentamento da doença.  Até o dia 24 de junho de 2020 o Brasil registrava os números apresentados Quadro 1. 

Quadro 1: Números de Covid-19 – Brasil em 24 de junho de 2020


Fonte: CONASS: Conselho Nacional de Saúde (Adaptado)


Os dados são desanimadores e estamos longe de uma possível estabilidade ou de redução nos números de casos do país como propagam alguns órgãos oficiais. No dia 24 de junho, o Brasil atingiu o impressionante número de 1.188.631 casos confirmados e 53.830 óbitos, os mais altos números desde o início da pandemia. Os dados indicam que número total de óbitos no país corresponde 11% dos óbitos no mundo, em contraponto a isso, o Brasil contém apenas aproximadamente 2,7% da população mundial.

No dia 23 de junho de 2020, em específico, o número de óbitos no Brasil atingiu a desalentadora cifra de 1.374 casos, o que correspondeu aproximadamente 25% dos números de óbitos no mundo neste mesmo dia. O que significa dizer que a cada 4 pessoas mortas no mundo naquele dia, uma residia no Brasil. A situação parece ser muito mais grave se levarmos em consideração os estudos da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL)[1] que apontam para uma subnotificação dos casos em uma ordem de 6 vezes menos aos dados atuais, dessa forma, indicaria a possibilidade do número de infectados no Brasil já ter ultrapassado 6 milhões, em decorrência disso seriam mais de 150 mil óbitos.

O recorde negativo no país não é por acaso.  Desde o início da pandemia não há uma política conjunta séria de enfrentamento da doença em âmbito nacional. Fechamentos e reaberturas das atividades comerciais têm sido frequentes no país, quando na verdade os estudos aconselham o lockdowns (fechamento total) por tempo prolongado, acompanhado de medidas de assistência social e de protocolos gradativos na reabertura seriam armas mais efetivas para lidar com a propagação do vírus. A falta de direcionamento da política nacional no combate ao vírus se reflete nos números regionais, estaduais e locais como, por exemplo, expressam os dados relativos à pandemia nos estados do nordeste apresentados na Tabela 1:

 

Tabela 1 – Variação de casos de COVID-19 no Nordeste 

entre os dias 08 a 23 de junho de 2020


 

08/06/2020

23/06/2006

VARIAÇÃO

TESTE P/ CASO POSITIVO

MUNDO

7.189.858

9.341.567

29,90%

BRASIL

711.652

1.150.694

61,70%

2,45

CE

66.218

97.528

47,30%

2,8

MA

49.371

72.021

45,90%

1,9

PE

40.705

52.831

29,80%

1,9

BA

28.715

49.084

79,90%

3,2

PB

20.951

38.999

86,10%

2,7

AL

16.339

30.248

85%

2,1

RN

10.888

20.070

84,30%

2,2

SE

9.727

19.883

104,40%

2,1

PI

7.927

16.277

105,30%

5,6

 Fonte: https//twiter.com/CoronavirusBra1

Os dados indicados na tabela 1 apresentam o aumento percentual do número de casos do coronavírus entre os dias 08 de junho e 23 de junho de 2020, em um espaço de sete dias, no Brasil e nos estados do Nordeste. Os dias analisados coincidem com o processo de gradativa flexibilização do confinamento sendo realizado pelos estados no país. Em destaque está o estado baiano, cujo número de casos sofreu um aumento de quase 80%, um acréscimo superior ao da média nacional, sendo ele de 61,70%.  Chama-se atenção para o fato de que seis estados do Nordeste apresentaram um aumento no número de casos superior à média nacional.

A tabela ainda mostra um dado preocupante: o baixo número de testes aplicados por casos positivos.  Enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) indica o ideal de vinte testes por caso positivo, a média nacional está no baixíssimo patamar de 2,45, tendência que segue sendo acompanhada pelos estados. No caso da Bahia, o número de testes aplicados por caso positivo é de 3,2, o que nos alerta para o fato da possibilidade de haver uma subnotificação dos números. A prática de testagem em casos positivos no país tem se restringido a aplicação de testes nos trabalhadores do campo da saúde e apenas em parentes próximos de contaminados, quando na verdade deveria se estender para um número muito maior de pessoas.  


[1] Os resultados das pesquisas desenvolvidas pela UFPEL podem ser acompanhados em: https://wp.ufpel.edu.br/covid19/ufpel-na-midia/


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