O número
de casos de COVID-19 no Estado da Bahia continua em ritmo crescente[1], sem demonstração de uma possível
estabilização. Os números recentes do dia 16/07 constantes no Boletim
Epidemiológico do Estado[2] representam dados preocupantes que revelam
ascendência dos números de casos do SARS-CoV2. Até a presente data tem-se um
registro de 116.373 casos de infectados pela COVID-19. Há ocorrência de casos
confirmados de COVID-19 em 402 municípios baianos, sendo os municípios de Gandu
(2.953,43), Itajuípe (2.488,90), Ipiaú (2.040,42), Lauro de Freitas (1.847,91) e Itabuna
(1.788,74) com maior incidência por 100.000 habitantes.
Como
forma de ilustrar o crescimento de casos e do número de óbitos, vejamos no
Gráfico abaixo indicações de crescimento da curva com o registro máximo de
116.373 casos e um total de 2.693 óbitos, demonstrando a ausência de
estabilização de casos de COVID-19.
GRÁFICO 3- NÚMEROS ACUMULADOS DE CASOS E ÓBITOS DA COVID-19 NA BAHIA
Fonte: http://www.conass.org.br/painelconasscovid19/
Ao compararmos
os dados constantes no Boletim Epidemiológico do dia 07/07/2020 com registro de
91.954 casos de COVID-19 com os dados do dia 17/07/2020, temos uma variação de
quase 30% de casos a mais de pessoas infectadas pelo novo coronavírus. Já em
relação a Região Nordeste, a incidência de casos na Bahia está em torno de
quase 18% dos casos totais da Região em pauta.
Podemos perceber
a dinâmica do crescimento de casos da COVID-19 ao tomarmos com parâmetro casos
por semana epidemiológica. Conforme aponta o Gráfico 4, na 14ª semana apresentava 205 casos, ao
passo que na 27ª semana já tinha um registro de 20.241 casos. Esse fato
significa que, transcorridos 13 semanas, houve um incremento de 20.036 casos
(+9.773,65%). Considerando esse mesmo intervalo, foram 7 óbitos na 14ª semana e
353 óbitos na 24ª semana. Isso representa um aumento de 346 óbitos em 13
semanas, conforme indica o Gráfico 5
GRÁFICO 5- ÓBITOS POR SEMANA EPIDEMIOLÓGICA
Fonte: http://www.conass.org.br/painelconasscovid19/
Já o Gráfico 6
revela-nos que a Bahia ocupa o quinto lugar com o maior número de casos em
relação aos demais Estados, representando quase 29% em relação à cidade de São
Paulo que apresenta maior número de casos entre os Estados da Federação.
Diante dessa
situação, o que percebemos com indicações dos dados apresentados é o avanço dos
números de casos de COVID-19 acompanhados com o número de óbitos. Infere-se
para este fato que medidas de relaxamento do distanciamento social e a
reabertura do comércio têm contribuído para a falta de estabilização de casos
de infectados pelo SARS-CoV2 no Estado da Bahia.
GRÁFICO 6 – CASOS TOTAIS DE COVID-19 POR ESTADO
Fonte: https://covid19br.wcota.me/
Ao direcionarmos
nosso olhar para os números de casos da COVID-19 no Estado da Bahia, notamos
que quase 6% dos casos do Brasil concentram na Bahia. Em relação ao número de
óbitos, a Bahia concentra em torno de 3,5% dos óbitos registrados no Brasil[3].
Os seguintes
indicadores como a taxa de letalidade, a taxa de mortalidade e taxa de
incidência por 100.000 habitantes, conforme o Quadro 1 nos fornece outros
parâmetros para análise. Em relação à taxa de letalidade, o Estado da Bahia
representa quase a metade da incidência de letalidade do Brasil. Nesse mesmo
sentido, notamos que a taxa de mortalidade (18,1) no Estado da Bahia por
100.000 habitantes tem praticamente a metade da taxa registrada no Brasil
(36,5) por 100.000 habitantes. Já a taxa de incidência por 100.000 habitantes
na Bahia representa um pouco mais que 80% da taxa de incidência registrado no
Brasil (975,5 por 100.000 habitantes). Embora os dados indiquem uma redução em
torno de 50% nos parâmetros comparados em relação às taxas nacionais, não
significa que estamos por um processo de estabilização da pandemia.
QUADRO
1 - NÚMEROS DE COVID-19 – BAHIA EM 16 DE
JULHO DE 2020
Fonte: http://www.conass.org.br/painelconasscovid19/
Conforme o Gráfico 7, ao olharmos para o
indicador “casos diários”, notamos o crescimento diário de casos de COVID-19 no
Estado da Bahia, com uma leve queda entre 07/06 a 21/06 e uma retomada
ascendente a partir de 21/06. No dia 16/07 foi registrado, em valor absoluto,
55 casos diários e uma média móvel[4]
de 52,14286 casos diários.
Fonte: https://peixebabel.github.io/COVID-19/
Os dados indicam
que temos um crescimento ascendente, conforme indicativos apresentados nos
Gráficos, os quais são preocupantes no cenário da saúde pública do Estado da
Bahia. A este fato soma-se o agravamento na rede de saúde pública do Estado com
64% dos leitos ocupados, sendo no total de 2.408 leitos disponíveis no Sistema
Único de Saúde (SUS).[5]
Tal agravamento pode estar relacionado com a flexibilização do distanciamento
social e a reabertura do comércio produzindo, assim, altos índices de
contaminados pela COVID-19 e de certo modo, para casos mais graves, a ocupação
dos leitos de Hospitais regionais e municipais.
O alto índice de
casos de COVID-19 também tem uma relação com a baixa testagem RT-PCR[6]
que ocorre no país que está em torno de 2.5 casos por positivo. Índice
irrisório longe do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ao
indicar que a testagem por positivo dever ser em torno de 20 testes[7].
Igualmente na contramão das indicações da OMS, o Estado da Bahia tem testagem
ínfima igual a 3 testes por positivo[8].
A falta de políticas públicas coordenadas nas esferas Federal, Estadual e
Municipal colabora para a negligência em relação à falta de insumos necessários
para testagem por positivo que está muito distante do recomendado pela OMS.
Por fim, reforçamos
mais uma vez o que foi mencionado no Boletim 02[9],
um dado que merece relevância nesse cenário pandêmico que é pouco destacado nos
Boletins Epidemiológicos da Bahia: o impacto da pandemia na comunidade negra[10],
indígenas, quilombolas, ciganos (as). Imagina-se que se antes da pandemia essas
comunidades já sofriam tanto com discursos de ódio do presidente genocida, que
ocupa a cadeira do poder máximo do Brasil, quanto das fortes repressões da
polícia. Hoje, como efeito da pandemia, esse extrato social além de sofrer
constantes preconceitos, também tem sofrido devido a pobreza presente. Sem
emprego e renda esse fator se agrava. E o auxílio emergencial, que deveria
atender às necessidades de quem precisa, não chega às pessoas mais pobres,
agravando mais a situação socioeconômica dessas comunidades.
[1] Disponível em: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2020/07/16/bahia-tem-3380-novos-casos-de-covid-19-em-24h-e-no-total-passa-dos-116-mil-mortes-chegam-a-2693.ghtml
[2]Disponível em: http://www.saude.ba.gov.br/wpcontent/uploads/2020/07/BOLETIM_ELETRONICO_BAHIAN_114___16072020.pdf
[3]
Disponível em: http://www.conass.org.br/painelconasscovid19/
[4][4] Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2020/07/contagio-de-covid-ainda-acelera-em-60-das-grandes-cidades-brasileiras.shtml.
A média móvel é uma métrica que toma o número de casos em 7 dias divididos
pelos 7 dias. Embora seja uma métrica utilizada para determinar eventuais
mudanças de tendências, pode a vir não confirmar tais tendências em médio
prazo. O mais indicado, conforme reportagem da Folha de São Paulo é o modelo
proposto pelo Professor Renato Vicente (USP) ao tomar como parâmetro um período
de 30 dias para análise.
[5] Disponível em: https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2020/07/16/bahia-tem-3380-novos-casos-de-covid-19-em-24h-e-no-total-passa-dos-116-mil-mortes-chegam-a-2693.ghtml
[6] O teste de laboratório RT – PCR é
considerado pela microbiologista Natália Pasternack um modo eficaz de detecção
da presença do material genético do vírus em pessoas contaminadas. Disponível
em: https://www.youtube.com/watch?v=o7Gu4sMXTFo
[7] Disponível em: https://esquerdaonline.com.br/2020/07/16/brasil-atinge-sua-pior-marca-semanal-7-468-mortes-em-7-dias/
[8] Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=JetKDOIwnKg&t=15s
[9] Disponível em: https://oiauneb.blogspot.com/2020/07/boletim-02_13.html
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