O SUS E A PRIVATIZAÇÃO DEVEM SER PARCEIROS?

O Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil vinha sofrendo sérias críticas pelo grupo apoiador do então Presidente da República Jair Bolsonaro. Os representantes do seu partido, defensores de uma política neoliberalista, defendiam a ideia truncada de que as ofertas dos atendimentos na área de saúde deveriam ser custeadas pelos pacientes usuários dos serviços e não pela estrutura vigente que o ampara, resultante de recursos dos contribuintes e seus respectivos impostos. A justificativa espelha-se no modelo norte americano aonde a população custeia atendimentos na área da medicina conforme suas necessidades. A grande e maior diferença nessa questão, consiste no fato de que o poder aquisitivo dos habitantes norte-americanos comparados aos cidadãos brasileiros são totalmente díspares. Desde o acesso ao emprego, à renda, à escolaridade, à alimentação, o saneamento básico e toda a infraestrutura que amplia a economia familiar e oportuniza uma condição de vida saudável. Resultado dos moldes do desenvolvimento e/ou do subdesenvolvimento.

Ainda nesse discurso neoliberal, algumas mídias digitais e televisivas vinham sendo utilizadas para convencer a população de forma gradual, de que o SUS podia ser reestruturado, pensando em amenizar ao máximo a responsabilidade do governo com a saúde da população. Contudo, os argumentos nesse sentido caem por terra de forma gritante, inclusive internacionalmente. Com a disseminação do Coronavírus pelo mundo à fora, vários países estabeleceram uma corrida para planejar a organização dos seus sistemas de saúde e atendimentos médicos, buscando montar, estruturar e equipar hospitais, com recursos humanos, equipamentos de proteção individual (EPIs), remédios, aparelhos respiratórios, UTIs, dentre outros, que permitissem uma condição de trabalho para o atendimento dos pacientes infectados.

Notadamente o vírus se espalhou no mundo com imensa facilidade diante das inúmeras viagens internacionais ligadas às atividades de trabalho, aos estudos, ao turismo, etc. O COVID-19 surge na China e toma uma dimensão global. Nesse percurso, evidenciamos que os Estados Unidos da América, detentor de uma economia relevante, um desenvolvimento que o coloca num patamar soberano, não conseguiu se manter isento da onda causada pelos impactos da pandemia. O número de infectados e mortos neste país devido à expansão do vírus só tem crescido. E, importa mencionar que uma parte significativa desses óbitos, têm relação com o poder aquisitivo de muitos dos habitantes do seu território que protelavam à busca pelo serviço de saúde, diante do fato do atendimento ser particular (custeados pelos pacientes e suas famílias) mesmo com a possibilidade do serviço ser ofertado e poder ser pago de forma parcelada.

O que isso nos mostra? Num país desenvolvido com estruturas de moradia e vivências muito mais prazíveis do que as vigentes no Brasil os números evidenciaram uma perda relevante para diversas famílias. Imaginem se no país do futebol o SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE deixasse de ser público adotando um parâmetro de atendimento particular? Seria uma catástrofe!

Ainda é uma catástrofe! Pensar que a pandemia não atinge apenas o sistema de saúde nos países subdesenvolvidos, mas claramente, a economia e a condição de sobrevivência da população que no período normal prévio à pandemia, já sofria com o desemprego, baixos salários, inflação, escolaridade deficiente e problemas com infraestrutura e saneamento básico nas cidades, e, especialmente, no território dos bairros periféricos. Ainda àqueles que residem nas ruas expostos a situações de violência, à fome, ausência de moradia, intempéries climáticas, e agora, à exposição de contágio ao COVID -19.

Dessa forma, a Pandemia do COVID-19 trouxe ao Brasil não apenas a demonstração do seu poder devastador de contágio, infecção e óbitos. Mas sobretudo, a revelação de que mesmo com uma estrutura de oferta de serviço moderada o SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE é a grande preciosidade que a população dispõe para amparar os menos afortunados de oportunidades diante do que o sistema apresenta. O coronavírus é uma facada nos argumentos daqueles representantes políticos que pretendiam desmoralizar os trabalhos de pesquisa e às instituições que o desenvolvem com seriedade. Uma vez que graças ao trabalho contínuo desses pesquisadores, equipamentos de proteção, estudos genéticos para viabilizar uma vacina em parceria com pesquisadores de outros países, e em consequência, à luta pelo estabelecimento da normalidade se deve fundamentalmente à contribuição desses partícipes anônimos, mas heróis em suas contribuições. Salve o SUS! Salve aos nossos pesquisadores!!!

Nessa narrativa incorporamos de forma mais direcionada uma realidade nacional, mas que a partir desse momento, gostaríamos de direcioná-la ao cenário baiano, mais especificamente aos municípios interioranos que têm conseguido realizar o que nunca antes havia sido feito pelos hospitais municipais e/ou estaduais, no sentido de equipar e estruturar diante das possibilidades os espaços públicos de oferta ao atendimento dos serviços de saúde aos seus cidadãos.

A Pandemia chamou acertadamente os nossos governantes à responsabilidade de viabilizar, desburocratizar, estruturar e equipar ambientes hospitalares para atendimento à população visando permitir que o tratamento pudesse ser oferecido em suas respectivas cidades, buscando com isso minimizar os riscos de contágio. E, nesse sentido, interessa-nos expor o benefício que algumas cidades têm conseguido em angariar por meio das consequências do momento, uma infraestrutura para os serviços de saúde locais que certamente levariam anos, talvez décadas para serem implantados.

O então governador do Estado da Bahia, Rui Costa, firmou contratos para aquisição de equipamentos hospitalares, aparelhamentos de UTIs, inauguração de hospitais que servirão não apenas para o momento de prevenção e combate ao Coronavírus, mas que permanecerão à serviço da população daquelas cidades. De acordo com Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) “O Governo da Bahia está investindo cerca de R$ 500 milhões em mais de 200 obras de construção, ampliação, reforma, manutenção e convênios na área da saúde. Somente em intervenções voltadas para a abertura de novos leitos em unidades de coronavírus (Covid-19), o montante supera os R$ 41 milhões”. Esse trabalho deve ficar registrado como resultado da ação do governante e não do político. “De acordo com o secretário da Saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, a pasta tem aproximadamente 40 convênios com os municípios, a exemplo da construção de leitos de UTI em Bom Jesus da Lapa, Senhor do Bonfim, Paulo Afonso e Caetité”. Além desses convênios somam-se as unidades básicas de saúde, policlínicas, academias de saúde e hospitais. Alguns desses espaços compreendem os hospitais Metropolitano, em Lauro de Freitas, Geral Clériston Andrade 2, em Feira de Santana, Maternidade Regional, em Camaçari, Afrânio Peixoto, em Vitória da Conquista, bem como as policlínicas em Ribeira do Pombal, Brumado, Eunápolis, Itaberaba, Serrinha e Salvador. Dessa forma a Bahia apresenta um “investimento total em obras civis e de climatização voltadas para a abertura de leitos Covid-19 que superam os R$ 41 milhões, com intervenções em unidades em diversos municípios, a exemplo de Salvador, Feira de Santana, Barreiras, Ilhéus e Paulo Afonso”. Dentre alguns desses municípios situados no interior estadual, identificamos espaços hospitalares beneficiados para servirem ao atendimento dos pacientes infectados pelo vírus do COVID-19, dos quais faremos uma breve exposição.


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